O funcionamento do fígado, responsável por metabolizar o álcool, se torna mais lento, o que torna os efeitos da bebedeira mais fortes
Por Paula Filizola
Quem nunca acordou no sábado com uma ressaca daquelas? Pois é, elas podem ser memoráveis, mais ainda com o passar dos anos. Em termos médicos, a ressaca é denominada de veisalgia, palavra de origem grega que significa “inquietação após o excesso”. Isso porque após a ingestão excessiva de álcool, aparecem sintomas como dor de cabeça, náuseas, fadiga, sensibilidade à luz e ao som, além de ansiedade e até depressão.
Os sintomas, no entanto, variam bastante de organismo para organismo. Além de fatores genéticos e psicológicos, a quantidade de álcool consumida (quanto maior a quantidade maior a ressaca), o intervalo entre as bebedeiras e qual tipo de bebida foi consumida influenciam diretamente nas consequências do dia seguinte.
A gastroenterologista Thicianie Fauve, do hospital Sírio Libanês Brasília e membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), explica que a ressaca causa alterações no sistema neuroendócrino levando a sintomas como boca seca e muita sede, além de modificações no sistema imunológico com o aumento de citocinas pró-inflamatórias que podem desencadear em perda de memória e alterações de humor.
A tendência é que a sensação de ressaca piore com o passar dos anos, pois o envelhecimento do corpo afeta o processo de recuperação do dia seguinte. “A medida que envelhecemos, o fígado fica menos eficiente e necessita de maior tempo para a metabolizar o álcool”, explica a especialista. Segundo ela, outro problema é que a quantidade de água no corpo diminui, enquanto o depósito de gordura aumenta, o que também atrapalha na hora de livrar-se do excesso de álcool. “Um corpo com mais gordura metaboliza de maneira mais demorada o excesso de álcool, a concentração de álcool no sangue é maior”, finaliza Thicianie.