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A Bomba de Hiroshima:triste Lembrança de uma Sobrevivente 75 Anos Depois

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06/08/2020 - por Paulo César Dutra

  A japonesa Harumi Nishimura, a “Mama” de 84 anos, sobrevivente da primeira bomba atômica da história, lançada sobre Hiroshima, no Japão,  às 8h15m, do dia 6 de agosto de 1945,  relembra a tragédia com a esperança de que ela não se repita jamais. Ela participa da Associação das Vítimas da Bomba Atômica, fundada no Brasil, atuando em campanhas pela Extinção das Armas Nucleares, relatando sua experiência como vítima, com o objetivo de conscientizar as novas gerações sobre as conseqüências das guerras. Hiroshima foi um momento decisivo e terrível na história. Quando o mortífero artefato explodiu, desencadeou-se uma força que desde então ameaçou a extinção da humanidade. Ele me concedeu essa entrevista em 2009. 
 
Neste dia 6, o povo de Hiroshima experimentou o apocalipse: lançada de um avião B-29 com o nome de Enola Gay, a bomba estourou sobre a cidade e depois a consumiu com uma potência equivalente a 12,5 mil toneladas de TNT. O centro da explosão produziu temperaturas de quase 3.000 graus centígrados, o dobro do necessário para fundir o ferro. O impacto da bomba virou uma nuvem em forma de cogumelo, ao explodir a 500 metros de altitude no centro de Hiroshima, que atingiu 18 quilometros de altura causando o holocausto. Os sobreviventes agonizaram com terríveis queimaduras e radiação. Muitos dos que pareceram ilesos sucumbiram mais adiante de câncer e outras doenças, pelo efeito da radiação. No ataque a Hiroshima, 70 mil morreram de imediato e 77 mil ficaram feridos e foram morrendo aos poucos em decorrência da radiação e ferimentos. 

A família Nishimura

Os pais de Harumi, Fusakiti Nishimura e Wai Nishimura vieram para o Brasil, a convite do governo brasileiro, em um grupo de 781 imigrantes de várias províncias do Japão, que chegaram ao porto de Santos, em São Paulo, a bordo do navio Kasato Maru, no dia 18 de junho de 1908. Entre 1911 e 1929, nasceram os irmãos de Harumi aqui no Brasil.

Em 1934, em uma consulta a uma cartomante, Wai Nishimura foi alertada sobre a necessidade urgente de uma visita aos seus pais no Japão. A previsão era de que, se atrasasse, não encontraria a mãe viva. Wai e Fusakiti com os filhos menores, Antonio, Alice, Quinha, Sadao e Nelson (este com apenas 5 anos), viajaram para Hiroshima. Wai teve pouco tempo mesmo para ver os pais, ainda vivos. Em 3 de abril de 1936, Harumi nasceu em Hiroshima. 

E a família Nishimura estava dividida, pois no Brasil estavam os filhos mais velhos Arnaldo Sussumu, Maria Masako e Pedro  Yutaka  que trabalhavam e já tinham suas famílias. Eles moravam em Sao Paulo. Não faltava vontade de voltar para São Paulo. Porém com a morte do pai de Harumi, vítima de uma doença intestinal, as coisas ficaram mais dificil. A casa da mãe de Harumi ficava em uma área rural de plantio de arroz, legumes e verduras. Todos eles, a mãe e os filhos Antonio, Alice, Quinha, Sadao e Nelson trabalhavam na lavoura e comercializavam os produtos para sobreviverem. E quando o Japão entrou a 2ª Guerra, as coisas começaram a mudar para eles. Apesar da 2ª Guerra, nada impedia a família Nishimura de continuar a sua rotina. Mas nem passava pela cabeça deles que estavam no primeiro alvo de uma bomba atomica!

Porém, no dia 6 de agosto de 1945, às 8h15m, Hiroshima foi alvo de um momento decisivo e terrível na história. Quando o mortífero artefato explodiu, desencadeou-se uma força que desde então ameaçou a extinção da humanidade. Neste dia, o povo de Hiroshima experimentou o apocalipse. A bomba lançada de um avião B-29 com o nome de Enola Gay, estourou sobre a cidade e depois a consumiu com uma potência equivalente a  12,5 mil toneladas de TNT.
  
O centro da explosão produziu temperaturas de quase 3.000 graus centígrados, o dobro do necessário para fundir o ferro. A explosão arrasou o centro da cidade e desencadeou o inferno. Os sobreviventes agonizaram com terríveis queimaduras e radiação. Muitos dos que pareceram ilesos sucumbiram mais adiante de câncer e outras doenças.

Deitados no chão
 
Toda vez que relembra o impacto da bomba, Harumi, que hoje mora balneário de Costa Bela, em Jacaraípe, na Serra, Espírito Santo,  Brasil,  ela não se esquece do momento em que a professora gritou para que todos deitassem no chão e abaixassem suas cabeças na sala de aula. Harumi tinha 9 anos, morava e estudava numa região afastada 14 quilômetros do centro Hiroshima onde explodiu a bomba.  

Depois da aula, quando voltou para sua  casa, ainda avistava por trás da montanha Takayama (que serviu de proteção natural impedindo que eles fossem atingidos) o cogumelo de fumaça colorido (cinza, rosa e branco). Admirado pela beleza, mal sabia ela da destruição, devastação e morte que este cogumelo de fumaça havia feito.

Harumi conta que naquele dia, quando seguia para sua casa, foi atingida pela chuva de cinzas causadas pela explosão da bomba, mas não sofreu danos físicos.

A mãe de Harumi, Wai Nishimura, 57 anos e os irmãos dela, Antonio Akeo, 26 anos; Alice Haruko, 23; Quinha Hiroko, 20 e Nelson Fusao, 16, estavam na lavoura e, felizmente, a casa deles não teve muitos danos, apenas janelas e portas quebradas. A mesma sorte não teve um dos irmãos de Harumi, Sadao, de 18 anos, que no momento da explosão, trabalhava no centro de Hiroshima. Em razão da radiação e ferimentos, ele morreu meses depois.   
 
Após a explosão da bomba em Hiroshima, a casa da mãe de Harumi, serviu de abrigo temporário a 16 pessoas que perderam totalmente suas casas (incendiadas ou desmoronadas) destruídas pelo impacto do artefato. Todos sofreram com a fome. “Para não morrer a gente comia batata doce, grão de trigo com arroz e ensopados de legumes e verduras. Carne era difícil e quando se conseguia eram 100 gramas para cada oito pessoas. A ajuda do governo japonês era mínima”, disse Harumi. 

Em 1955, o irmão mais velho Arnaldo viajou ao Japão e trouxe a mãe e a irmã caçula para o Brasil. A mãe de Harumi  vendeu os bens para financiar o retorno de toda a família, formada por filhos, genro, nora e netos. Naquele mesmo ano, o navio África Maru chegou ao Porto de Santos e  Harumi, então com 19 anos, pôde conhecer os outros   irmãos e sobrinhos brasileiros.  

Apesar da dificuldade com o idioma, Harumi aos 20 anos foi trabalhar como locutora em uma emissora, a Rádio Difusora, em Santo Amaro, que dispunha de uma programação de uma hora, na qual a empresa de remédios Yakamoto (de fortificantes) locava horários para divulgar publicidade, músicas e informativos em japonês. Também atuou na mesma função em programa japonês na Rádio Piratininga e na Rádio Santo Amaro. Trabalhou ainda, por um breve período, na redação do Jornal Paulista, em Santo Amaro. Depois exerceu atividades ligadas ao comércio.
 
Aposentada, ela chegou ao Espírito Santo em 1980, onde vive até hoje, com sua única filha Marisa Okuhara, duas netas, um neto e uma bisneta. Adora pescar. Em maio de 2009, Harumi recebeu a Comenda da Paz Padre Alfonso Pastore, na Câmara Municipal de Vitória, indicada pelo vereador Reinaldo Bolão (PT). Em 2008, ela foi uma das homenageadas pela Assembléia Legislativa do Espírito Santo na solenidade das comemorações do centenário da imigração japonesa. 

Os sobreviventes radicados no Brasil, segundo Harumi, são atendidos nos hospitais dos bairros Liberdade, Vila Mariana e Jabaquara, em São Paulo.  “Os efeitos da radiação são um fantasma na trajetória dos sobreviventes, mas por sorte, nunca tive problemas. Eu não apresentei nenhum tipo de doenças nos check-up que são feitos de dois em dois anos por médicos japoneses”, contou ela em 2009, quando deu essa entrevista. Em 3 de abril de 2020, Harumi comemorou  com a família, 84 anos, com muita disposição, segundo vizinhos do bairro Costabela.
 
Arma terrível
  
Enquanto as bombas se transformaram em um símbolo de horror para o mundo, a experiência foi ainda mais complexa para os países em guerra: os Estados Unidos passaram a ser o único país que usou uma arma atômica, e o Japão, o único a ser atingido.. Japão e Estados Unidos estão nos extremos do debate. Essas profundas divergências ainda existem hoje, quando o mundo lembra o 75° aniversário do ataque.

Para os americanos, as bombas atômicas foram um último recurso contra um  inimigo disposto a lutar até a morte, mas que se rendeu incondicionalmente em 15 de agosto de 1945, seis dias depois da devastação de Nagasaki. Os críticos - muitos deles japoneses, e alguns americanos - crêem que o governo do presidente Harry Truman teve outros motivos: o desejo de provar uma arma terrível, o desejo de derrotar a Japão antes da chegada dos soviéticos, e a necessidade de marcar posição frente a Moscou no que seria mais adiante a Guerra Fria.
 

  





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