1. capa
  2. Negócios
  3. Economia
  4. Política
  5. Ambiental
  6. Cidades
  7. Opiniões
  8. Cultura
  9. Oportunidades
  10. vídeos

Um salto no escuro

enviar por email

28/12/2015

Por: Leonardo Humberto Bucher*

      Sinceramente, não sou daqueles que acham que o mundo está ficando cada vez pior, que a humanidade está se esvaindo e coisas deste tipo. Já vi este discurso atribuído a romanos em pleno esplendor, a babilônios em período pré-cristão e em muitos outros momentos da história do mundo. É chavão milenar dizer que a juventude está perdida, que os costumes estão se degradando, etcetcetc.

Mas uma coisa, sinceramente, me preocupa e me deixa com a sensação de que estamos, nesta nossa época, empreendendo um grande e assustador salto no escuro. O que me faz ter esta dúvida, mais do que uma preocupação, é a forma como se articula hoje a informação, o conhecimento, a inteligência, a reflexão, a experiência e a sabedoria. Dúvida porque, em toda a história do homem, grandes desafios foram milagrosamente superados, daí a minha menor preocupação e maior curiosidade de como isto que me preocupa poderá ser resolvido.

A informação, dado bruto que registra o que ocorreu, mas que não necessariamente produz conhecimento, virou commoditie. Eu diria mais, virou artigo de uso abusivo, irresponsável e indiscriminado. A facilidade da sua obtenção tem colaborado fortemente para que não se use a inteligência para transformá-la em conhecimento para não se precisar acessá-la novamente. Este mix de informação com inteligência está cada vez mais raro fazendo com que o déficit de conhecimento só aumente e com que a afirmação de que a Sociedade da Informação e a Sociedade do Conhecimento sejam coisas indissolúveis, decididamente, não seja real. A quantidade de informação me parece ser inversamente proporcional à produção de conhecimento, isto é, quanto mais informação, via de regra, menos conhecimento.

Informação responde uma dúvida, dá uma resposta, mas não muda comportamento como o faz o conhecimento. Mas, também o conhecimento é meio que vazio. Sem misturar experiência e reflexão em grandes quantidades ele não se transforma em sabedoria. E em uma sociedade onde o consumo da informação como se fora fastfood é a regra, não se gera conhecimento e a sabedoria vira artigo raro, de luxo, e, pior, até certo ponto, inútil. Para os vorazes consumidores da informação prêt-à-porter, a sabedoria é, definitivamente, desnecessária, uma ostentação odiosa e uma enorme idiotice.

Se não bastasse o estrago que isto pode fazer na evolução da nossa civilização, ainda tem o mais alarmante, o que, parafraseando o Lula, nunca antes na história da humanidade havia ocorrido: a informação está majoritariamente nas mãos dos jovens, ou dos mais jovens, que são, indiscutivelmente, os que têm mais dificuldades e menos condições para sorver a informação para transformar em conhecimento, refletir sobre o conhecimento e a experiência e gerar sabedoria pura e cristalina. Já temos um enorme déficit de conhecimento e uma quase inexistência de sabedoria em nosso meio, imaginemos o cenário que se avizinha daqui por diante? A experiência e a sabedoria sendo desprezadas por absoluta falta de, a informação permanecendo informação sem produzir mudança de comportamento e, menos ainda, sabedoria para mudar o mundo.

Creio que não seja necessário enfatizar muito a falta que fará o trabalhar, o analisar e o usar com inteligência a informação. Pior, o desastre que se constituirá a ausência de uma mistura do conhecimento com ética, moral e experiência para dar o sabor supremo de uma vida humana: a sabedoria. Nunca é demais lembrar, talvez a mais forte característica de um sábio é que ele sabe usar o que sabe. Fazem muita falta!

Como diz LuisDolhnikoff, "pode-se então concluir que, enquanto a busca de informação envolve bilhões de indivíduos, e a geração de conhecimento, uma parcela ínfima da população mundial, a reflexão, sem a qual não há sabedoria possível, representa uma parcela virtualmente nula dessa mesma população. Dito de outro modo, se somos, de fato, a “sociedade da informação”, e, também, uma “sociedade do conhecimento”, somos, ao mesmo tempo, uma cultura avessa ou impermeável à reflexão, uma sociedade irreflexiva e, por isso, tão rica em informação (e conhecimento) quanto pobre de sabedoria."

Claro que a dose mínima de conhecimento e a quase ausência de sabedoria que estão sendo algumas das características mais marcantes desta nossa sociedade contemporânea são, por si só, um monumental problema. Mas o maior problema mesmo é a absoluta falta de noção dos mais jovens sobre a gravidade desta situação. Cada vez mais, os jovens se acham detentores de tudo o que precisam para viver, mesmo com parcos conhecimentos e sem sabedoria, mas talvez por isto mesmo, desprezam tanto os mais velhos e mais experientes como o conhecimento e a sabedoria.
Preocupante demais!

*Especialista em Gestão Empresarial (MBA) pela COOPEAD-UFRJ, pós-graduado em Psicanálise Clinica pela ABPC, Engenheiro Eletricista.
 

Saiba Quais São as Prioridades do Novo Ministro das Comunicações à Frente da Pasta

O ministro Frederico de Siqueira Filho destacou a modernização da radiodifusão, com a implantação da TV 3.0..


Falta de Médicos Lidera Lista de Desafios na Saúde, Segundo Estudo da Firjan

Os municípios considerados críticos têm, em média, apenas um médico para dois mil habitantes...


Fraude no INSS: Saiba Como vai Funcionar o Ressarcimento dos Aposentados e Pensionistas; veja Perguntas e Respostas

Foto do Lula e o ex-ministro Luiz Carlos Lupi..