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Sobre Boato e Política

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09/11/2015

    Algumas expressões atribuídas à experiência política, mesmo que sofram algumas contestações, auxiliam o entendimento sobre a experiência ou prática do poder político. Refiro-me à afirmativa de que os “fins justificam os meios”, equivocadamente atribuída à Maquiavel, mas que foram relacionadas ao mestre florentino devido ao realismo com que o mesmo analisou e discorreu sobre o fenômeno do poder em seu tempo, no tempo do império e da república romana e nas autocracias e democracias gregas antigas.

    A ideia de que os fins justificam os meios veio de encontro às reflexões do que houve de mais fino na tradição filosófica grega e no pensamento Greco-romano posterior. Aristóteles, por exemplo, dissera que a política deveria ter como finalidade a felicidade humana. 

    Os pensadores romanos, citando Cícero como exemplo, disseram que os príncipes deveriam ter como virtudes, a bondade, justiça, temperança, etc. Sobressaia neste tópico a ideia do “bom” governo para a cidade ou Estado. Aqui política e ética se encontravam porque a ideia do bom pertence ao campo da reflexão ética. Quando o sábio florentino se inclinou sobre a história, buscando ações exemplares constatou que as personagens politicamente vitoriosas conquistaram e se mantiveram no poder não porque eram possuidores de atributos morais, mas porque eram e se mantiveram fortes. E na conquista e manutenção do poder utilizaram meios que não se adequavam aos valores da moral, a violência por exemplo.

    Se se mantém a ideia de que os meios empregados se justificam pelos fins – a conquista do poder – o uso do boato como arma política torna-se mais compreensível. No caso aqui agora não lançamos mão de juízos de valor quanto a esse recurso. Mas os boatos às vezes têm funcionado quando aqueles que o utilizaram se justificaram no poder e ou chegaram até ele, desqualificando forças contrárias, mobilizando segmentos sociais em seu favor ou em apoio às suas intenções. 

    O boato é uma notícia que se espalha entre as pessoas, de fonte às vezes ambígua, que trata de questões de interesse de indivíduos ou segmentos envolvidos, mobilizando sentimentos e paixões, levando os sujeitos a ações e comportamentos que podem redundar às vezes em violência. Embora não corresponda à realidade o boato é de difícil comprovação. Mas na vida cotidiana observamos que parte de nossas conversas podem ser marcadas como boatos quando sustentamos ou passamos à frente notícias que não temos certeza de sua fonte nem veracidade, ou seja: “Olha, estão dizendo por aí...”.

    Um dos casos famosos na história de notícia espalhada que redundou em violência é o caso de Nero, que botou fogo em Roma e mandou espalhar no meio do povo a notícia de que os cristãos o teriam feito. Os segmentos populares que praticavam em Roma o culto aos deuses da cidade se revoltaram e passaram a perseguir os cristãos com violência, culpando-os pelo ocorrido. Os grupos cristãos que já despertavam atitudes etnocêntricas perante os praticantes da religião oficial foram tratados como bodes expiatórios das mazelas sociais e relações políticas autocráticas da cidade, com achaques intermitentes.

    Na história política brasileira alguns eventos nesse sentido mostram a eficácia de boatos planejados, senão vejamos: No final do período monárquico, entre as forças políticas que preparavam a implantação do sistema republicano no Brasil, encontrava-se a instituição exército. Jovens oficiais partidários do republicanismo, visando apressar a derrubada da Monarquia espalharam o boato de que o governo mandara prender o Marechal Deodoro e que se pretendia reduzir os efetivos ou mesmo extinguir a própria instituição. Essas notícias fizeram com que Deodoro apressasse o processo, decidindo derrubar o chefe de Gabinete do Governo imperial Visconde de Ouro Preto. Posteriormente essas notícias não se confirmaram; Em 1937, em pleno governo de Getúlio Vargas, um oficial integralista – Olímpio Mourão Filho – forjou um plano de insurreição comunista no Brasil. A insurreição provocaria massacres, saques, e depredações, invasão de lares, incêndio de igrejas, etc. Esse plano recebeu o nome Plano Cohen, este um nome de origem judaica. Divulgado, o documento se transformou em realidade. O Congresso aprovou imediatamente o estado de guerra e suspendeu as garantias constitucionais. Como já se preparava novo golpe, Getúlio e a cúpula militar, anteciparam o golpe realizando-o em 10/11/1937. Começava o Estado Novo getulista; Nas eleições de 1955, com Juscelino e Jango como candidatos, adversários fizeram publicar nos jornais uma carta de um deputado argentino de nome Antonio Brandi, relatando o entendimento de Goulart com Juan Domingo Perón, para implantar uma república sindicalista no Brasil. A carta conhecida com Carta Brandi, posteriormente foi provada como falsa; 

    Não se afirma aqui a impossibilidade de relações éticas nas relações políticas, como reivindicam hoje análises do campo democrático, mas constatamos que entre estas duas experiências humanas as relações são tensas. Se a primeira reclama valores morais nos comportamentos humanos, asseverando que fins morais demandam meios morais, a segunda reclama uma “ética”própria para a conquista do poder político. Entre outras encontramos também a justificativa da Razão de Estado. Voltaremos ao assunto em outro escrito. 

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