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A Nossa Tragédia e a Imprensa

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23/11/2015

da Redação* 

       As tragédias, nossa e dos franceses, ocuparam a atenção do jornalismo mundial nos últimos dias. Envolveram milhões de pessoas. Afetaram  a vida e a economia. Quem optou por acompanhar as informações pela chamada grande imprensa, certamente formou uma opinião sobre a escala dos acontecimentos em amplitude bem menor. Quem  vai para a rede mundial de computadores fica assustado com o volume de informação existente, multiplicidade de opiniões, implicações para a economia, para a vida humana na região, para a vida animal, flora na faixa dos rios afetados, empregos, moradias, assessorias, consultorias, pesquisadores, produtores de insumos relacionados e mercado mundial de minérios de ferro.

      A Trend – Inteligência Digital, empresa com escritórios em Portugal e no Brasil, especializada em avaliação de conteúdos das redes sociais mostrou logo nos primeiros 4 dias do desastre de Mariana que a Samarco apareceu 55.688 vezes. A crise invadiu a rede social em 90 países. Não foi por acaso que a  expressão “ samarco barragem” apareceu na página do facebook sob a reserva de “anúncio”, privilegiando o encaminhamento para as falas dos diretores em coletivas de imprensa. Veja uma coletiva dessa para mergulhar em explicações técnicas entremeadas das expressões “sempre fizemos o que Lei determina”, estamos fazendo tudo de “acordo com as autoridades”, em uma clara tentativa de jogar questões de profundas implicações ambientais e humanas para o corredor da burocracia. Enquanto os jornalistas presentes perguntavam questões objetivas com o propósito de informar bem o quê afeta de fato: 
Há outras barragens com risco de romper? O que farão para recuperar os danos, os empregos, os dias perdidos, as casas dos trabalhadores e as roças dos agricultores?

Organizações sociais de vários matizes já se apresentaram para reforçar a proposta de criação de um Fundo Financeiro para financiar a recuperação e, logicamente, apresentarem os seus projetos. A expressão “ Morte do Rio Doce “ já foi colocada sob anúncio no Facebook, para encaminhar acessos para o Instituto Últimos Refúgios. 

Prefeitos de várias cidades se desdobram em encontrar soluções para atender desabrigados e a demanda de água, preocupados com o futuro das finanças devido a queda anunciada de receitas, consternados com o sofrimento de munícipes, mas, também gratificados porque os respectivos trabalhos os levaram para os maiores jornais do país e, mais significativamente, para o mundo via sites de notícias. 

Veio à tona nas redes sociais que há dezenas de grupos de pesquisadores, em várias universidades, sobre o tema das Barragens. Muitos deles deram entrevistas, alguns estiveram presentes por horas em estúdios de telejornais. Se desdobraram em pesquisas para compreender causas e avançar em novas tecnologias mais seguras.



A Presidente da República visita a região e, também, assinou decreto classificando o desastre como natural para atender as pressões de políticos que queriam fazer média com os trabalhadores da região. Com tal Decreto, poderiam sacar o FGTS. Mas a reação de procurador da república veio rápida classificando de “infeliz” o Decreto, porque os responsáveis  pela tragédia podem se eximir de culpas já que juridicamente o que aconteceu foi conseqüência da natureza.

A Samarco pertence as duas maiores mineradoras do mundo: Vale e BHP Biliton. Portanto, muitos postaram que elas deveriam estar mais presentes nas soluções o que motivou a vinda do presidente da australiana ao Brasil, para junto com o presidente da Vale, se apresentarem em coletiva para a imprensa. Claro, eles são os donos de quem provocou tudo e, sem dúvidas, deverão arcar com os custos da recuperação. Será longa e envolverá milhares de demandas muitas das quais se tornarão processos  judiciais que se arrastarão até por mais de uma década.  No entanto, não há que se preocupar demais com a saúde financeira dessas empresas. O mercado é maravilhoso e com certeza uma redução da oferta implicará em pouco tempo em aumento de preço que resultará em mais receitas para as empresas com maior participação no mercado. Adivinhe quais são?

A Samarco é uma empresa que faturou em 2014 (segundo seu relatório consultado em sua página na internet)  R$ 7,6 bilhões, gerando um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões. Emprega diretamente cerca de 3 mil empregados e outros 3,5 contratados. Desembolso de R$ 88,4 milhões em investimentos ambientais e R$ 10,4 milhões em investimentos socioinstitucionais.Um negócio bastante lucrativo, mesmo com o preço da pelota em 2014 demonstrando que saía de seus melhores momentos. Sobressai que o desejável desembolso com investimentos ambientais foi um percentual bem pequeno neste ano. 

Das muitas barragens em sua área de mineração, o acidente envolveu basicamente três: Fundão, para trás Barragem de Germano com três diques Cela, Celinha e Tulipa,  para frente Santarém. Dos 55 milhões de metros cúbicos de lama depositados em Fundão, cerca de 40 milhões vazaram puxando o pé do dique de Celinha. Com isso influi negativamente a segurança de Germano que apresenta hoje um fator de segurança de 1,22 (abaixo do especificado como normal 1,5). Entra em obra para recompor o dique. O problema é a obra ser demorada.  Se houver chuvas fortes no local poderia sim haver um novo derrame dos materiais lá depositados.

Para frente, invade Santarém uma barragem com água para uso na planta industrial. A água é expulsa juntamente comos 40 milhões de metros cúbicos que desceram de Fundão e passam por cima barragem, gerando erosão em parte do talude. Portanto hoje com fator de segurança igual a 1,37, precisa ser rapidamente recuperada para que eventuais chuvas não ampliem o espaço erodido levando ao vazamento dos cerca de 20 milhões de metros cúbicos de lama que lá ficaram.

Os bilhões de litros que invadiram o Rio Doce, o maior rio da região, que passa por cidades e localidades onde habitam mais de meio milhão de pessoas, prossegue em sua própria velocidade. Aos animais terrestres e humanos a ansiedade logo transformada em desconforto de ficar sem água tratada. Aos habitantes aquáticos,a sentença é a morte.  Tudo indica que a água lamacenta chegará ao mar. Há 12 dias percorrendo mais de 500 quilômetros e ainda não há clareza se o caldo contém ou não metais pesados. Parece que a incerteza continuará até a chegada ao mar. Inacreditável  a ausência de tentativa para conter ou reduzir o volume da lama em viagem pelo rio. 
 


Há profecias  extremadas postadas na rede como, por exemplo,a que indica a morte espalhada  no mar ao norte e ao sul,  como se as correntes marítimas fossem caóticas indo para todas as direções.



 
Logo que foi anunciado em Minas o ingresso da lama no Rio Doce, o diligente Prefeito de Linhares, município da foz do Rio Doce, preocupado com o risco da lama ficar represada na praia, já que o rio muito debilitado pelo tratamento que lhe dão há séculos, já não tem forças para abrir caminho contra as ondas para chegar ao mar, mandou máquinas retirar os bancos de areia, como a abrir alas para passagem do bloco de lamas. Ainda não chegou. Talvez terá que fazer de novo.  Ou seria melhor o encalhe da lama na areia para não contaminar o mar?  Um exemplo de como os responsáveis pela crise se comunicaram e não coordenaram as ações das centenas de executivos, públicos e privados, que deveriam se envolver na mitigação da tragédia.

A Samarco já fez 48 comunicados em sua página web e cinco coletivas. Curtos, lacônicos, entrevistas pouco palatável para o grande público por usar linguagem para profissionais de engenharia. Mas os comunicados agora começam  a informar que algo de reparo está em curso. Veja abaixo o vídeo da coletiva no link:
https://www.youtube.com/watch?v=vxRSKw5MjH8&feature=youtu.be

COMUNICADO 48 - 18/Nov - 2015 




Barreiras começam a ser instaladas na foz do Rio Doce

        Nove mil metros de barreiras de contenção offshore e SeaFence começaram a ser instaladas nesta quarta-feira, 18/11, na foz do Rio Doce, no Espírito Santo. Os estudos para implantação da medida e escolha da metodologia foram realizados pela Samarco, em conjunto com a Fundação Pró-Tamar, pescadores da região e representantes do Instituto Chico Mendes (ICM Bio).

        As contenções começam na parte sul da foz, em Regência, e seguem até Povoação, na região de Linhares. As barreiras serão instaladas em pontos estratégicos, às margens do rio, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais.

        Outra ação em andamento é o resgate de espécies de ictiofauna (peixes), principalmente aquelas endêmicas e ameaçadas de extinção, nas regiões de Baixo Guandu, Colatina e Linhares – Regência, seguindo as diretrizes técnicas do Ibama e Iema. O salvamento de alguns exemplares de peixe é uma importante ação emergencial focada em algumas espécies bandeiras para conservação do Rio Doce, como o surubim-do-Doce, o andirá, a curimba, e a piaba do Doce, visando garantir o “pool genético” de espécies oriundas deste rio através da coleta e do acondicionamento destes peixes em tanques de psicultura com vistas a um repovoamento futuro.

Ações Humanitárias 

– 595 Voluntários (empregados da Samarco e de empresas contratadas)
– 1.096 atendimentos psicológicos e psicossociais.
– 173 crianças de Bento Rodrigues e Paracatu retornam às aulas em Mariana.
– 130 crianças retornam para a escola, em Barra Longa. 
– 1.265 pessoas foram alocadas em hotéis e pousadas da região.

*Informações atualizadas em 19/11/2015.

 Água 

Espírito Santo

– Colatina: 40 caminhões-pipa.
– Baixo Guandu: 8 caminhões-pipa.

Minas Gerais

– Alpercata: 1.4 milhão de litros de água potável.
– Aimorés: 576 mil litros de água potável.
– Barra Longa: 330 mil litros de água potável.
– Belo Oriente: 4.3 milhões de litros de água potável.
– Galileia: 1.6 milhão de litros de água potável.
– Governador Valadares: 17,5 milhões de litros de água potável. 1,5 milhões de litros de água mineral.
– Índios  Krenak: 14 mil litros de água mineral e 30 mil litros de água potável disponibilizados.
– Itueta: 810 mil litros de água potável.
– Pedra Corrida: 330 mil litros de água potável.
– Periquito: 730 mil litros de água potável.
– Quatituba: 655 mil litros de água potável.
– Resplendor: 4 milhões de litros de água potável.
– Tumiritinga: 518 mil litros de água potável.

* Informações atualizadas em 19/11/2015.


Eliezer Batista Ligou A Vale Ao Resto Do Mundo

Galgando vários postos ao longo de sua carreira, até ser nomeado presidente da mineradora coube a ele transformar..


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