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Área Do Aeroporto De Vitória Pode Ter Shopping, Hospital Ehotel

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09/12/2020

Na foto acima uma vista da área do Aeroporto de Vitória, que deve receber nos próximos anos diferentes empreendimentos imobiliários, como shopping, hotel e centro de convenções.  

Por Beatriz Seixas (A Gazeta-Vitória-ES) 

Esses são alguns dos empreendimentos que o espaço tem potencial de receber nos próximos anos. A coluna conversou com o CEO da Zurich responsável pelo Aeroporto de Vitória Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, no Estado do Espírito Santo, no Brasil, o executivo Ricardo Gesse, que falou sobre os desafios durante a pandemia e sobre novos negócios
 
O grupo suíço Zurich assumiu o Aeroporto de Vitória em janeiro de 2020. Pouco mais de dois meses depois viu suas operações serem drasticamente impactadas pela pandemia do novo coronavírus. Ainda em março a movimentação de aeronaves e passageiros começou a sentir os reflexos do avanço da doença, mas foi em abril que a empresa, a concessionária Aeroportos do Sudeste do Brasil (ASeB), viu os dados serem desidratados. A movimentação de passageiros caiu 94% em relação ao mês de abril de 2019. 

Os números e o cenário turbulento levaram a companhia a eliminar custos e se reinventar, como contou à coluna o executivo no comando do Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, Ricardo Gesse. Além do terminal de Vitória, é ele também o CEO dos aeroportos de Florianópolis (SC) e Macaé (RJ). Gesse, em entrevista exclusiva à coluna, falou sobre os desafios que a crise sanitária impôs ao setor da aviação e adiantou ainda onde o grupo Zurich vem buscando receitas para tornar a atividade mais rentável e fazer com que o negócio não dependa apenas do dinheiro vindo das operações ligadas diretamente aos voos. 

Um desses caminhos é por meio da exploração imobiliária do aeroporto capixaba, o que ele chama de oportunidade no "real estate". Para o CEO,  o sítio de Vitória é atualmente o que oferece a melhor condição do Brasil, por ter uma área ampla e estar em uma região muito valorizada e bem localizada. Esses atributos fazem com que os planos da ASeB sejam grandiosos e com intenção de atrair diferentes perfis de empreendimentos para o local. 

Na lista de negócios já identificados como potenciais para serem instalados na área aeroportuária estão: hotel, shopping, centro de convenções e hospital. Segundo o CEO, a expectativa é que nos próximos três a cinco anos, empreendimentos de grande relevância econômica e com elevada capacidade de geração de emprego e renda comecem a sair do papel.  
 
Interessados em fechar acordos e contratos com o grupo suíço já apareceram, mas ele diz não poder revelar nomes por enquanto, citou apenas que há investidores locais e multinacionais. Ele frisa também que, logo logo, no início de 2021, estará com o masterplan -  plano desenvolvido por uma consultoria contratada pela empresa - em mãos. Assim, a ASeB terá condições de abordar de forma mais estruturada o mercado e debater junto à iniciativa pública, a exemplo do governo do Estado e da Prefeitura de Vitória, o futuro do sítio aeroportuário. 
 
“O potencial de desenvolvimento para a cidade de Vitória e para o Espírito Santo é fantástico. Acho que a gente pode falar em bilhões de reais de investimentos nessa área do aeroporto, que é muito grande e está em uma região central da cidade”, disse  Ricardo Gesse, CEO dos aeroportos de Vitória, Florianópolis e Macaé.
 
Entrevista de Ricardo Gesse
Beatriz Seixas - A Aeroportos do Sudeste do Brasil (ASeB), do grupo Zurich, assumiu o Aeroporto de Vitória em janeiro deste ano e dentro de uma perspectiva de retomada do crescimento do país. Mas a pandemia mudou completamente este cenário no Estado e no mundo todo. Como foi para a empresa encarar essa nova realidade? O que mudou nesse período?
Ricardo Gesse - Definitivamente (este ano) está sendo um período bem desafiador. Ao mesmo tempo que tem o lado negativo de enfrentar uma crise, tem o lado positivo. Afinal, todo mundo teve um aprendizado superacelerado, justamente porque muitas coisas tiveram que ser feitas em muito curto tempo. A empresa como um todo vem aprendendo de forma muito acelerada e principalmente se reinventando. Essa é a palavra que eu gostaria de enfatizar: reinvenção. Porque quando você está em voo de cruzeiro, como falam na aviação, muitas coisas não são possíveis. Alguns custos não são possíveis de mudar, você tem uma realidade que você aceita como parte do seu dia a dia e algumas coisas são imutáveis. Quando você tem uma situação como essa da Covid-19, que realmente te impõe sérios limites financeiros, a empresa acaba se reinventando, acaba diminuindo custos que antes não seriam possíveis, acaba sendo criativa justamente porque diminuir custo não é mais uma questão de mostrar um número melhor ou pior, vira uma questão de sobrevivência. E aqui aconteceu esse fenômeno também. Todo o trabalho que foi feito num primeiro momento de diminuição de custos foi muito importante para a sustentabilidade da empresa, para a continuidade com números sadios.

Beatriz Seixas - Além do corte de custos, teve alguma outra forma de buscar essa sustentabilidade do negócio? 
Ricardo Gesse -Cada vez mais existe o entendimento na indústria da aviação que aeroportos não podem ser apenas aeroportos. A gente tem que ser mais, não pode depender única e exclusivamente da receita do aeroporto. E aí entram alternativas de receitas. A gente está se reinventando e também descobrindo novas fontes. A gente tem aqui no Aeroporto de Vitória um cinema drive-in, por exemplo, que tem uma das maiores telas do Estado e tem eventos aqui. Teve Patrulha Canina, Frozen, show do Queen. Todos esses eventos num aeroporto, claro que com parceiro gerenciando tudo isso, são fundamentais para diversificar receitas. Vou dar o exemplo de Florianópolis e com certeza a gente vai implantar aqui pouco a pouco. Em Florianópolis, a gente vende serviços de manutenção para os cessionários do aeroporto. É como se fosse um condomínio, tem parte que é do condomínio, tem parte que é do apartamento. Tudo o que é dentro, do lojista, a gente está oferecendo serviços, já que eu tenho a mão de obra, a expertise. Então, é um ganha-ganha. O lojista fica satisfeito porque não precisa contratar ninguém de fora, eu conheço o sistema e eu presto serviços. Isso com certeza vai ser implantado aqui. A receita é muito grande? Não, não é. Mas ela compõe junto com outras ações.

Beatriz Seixas - Pode citar mais um exemplo? 
Ricardo Gesse Em Floripa, por exemplo, temos tours no aeroporto. Com certeza a gente vai implantar aqui também um tour no Aeroporto de Vitória para a sociedade. O valor não é alto. Assim, os visitantes conhecem todo o aeroporto e suas operações. É algo que faz a gente se relacionar com a sociedade de uma maneira saudável e também é uma diversificação de receitas. Poderia dar vários outros exemplos, mas a principal mensagem é que a diversificação de receitas é fundamental para os aeroportos hoje em dia. Ela é parte de qualquer plano de negócios que você faça. A diversificação de receitas tem que ser considerada porque a gente não pode depender apenas da receita do passageiro. Os aeroportos precisam diversificar, e a gente trabalha em Vitória tanto no real estate (propriedade real, na tradução livre em inglês), nos eventos que acontecem na área aeroportuária e em serviços que a gente pode prestar para comunidade aeroportuária ou para clientes. A gente tem o serviço de aviação executiva em Floripa. A gente pode implantar aqui em Vitória também. São coisas que a gente vai agregando, vai pensando. Prototipa e testa. Se deu certo, continua. Se não deu certo, para. Cada vez mais a gente está focado nisso. 

Beatriz Seixas -Qual foi o pior momento enfrentado nesta pandemia e hoje em quanto está a movimentação de passageiros?
 Ricardo Gesse - O pior momento da pandemia foi abril, isso para todos os aeroportos. Aqui a gente chegou a 6% dos passageiros que a gente teve em abril de 2019, ou seja, 94% de perda. Em abril, foram 16 mil passageiros, aí comparo 16 mil passageiros com abril de 2019, quando foram registrados 264 mil. Mas a gente vem falando em uma recuperação gradual. Em dezembro, por exemplo, a nossa expectativa é de atingir uma recuperação de quase 80% dos passageiros, sempre comparando com o mesmo mês do ano anterior. A aviação vem se recuperando de forma lenta, gradual e segura.

Beatriz Seixas -O senhor comentou os números de Vitória. Mas considerando os demais aeroportos administrados pela companhia, eles tiveram números parecidos? A retomada vem acontecendo nos demais?
 Ricardo Gesse -Eu vou comparar Vitória com Florianópolis. Em Florianópolis o número de passageiros é maior, mas em Vitória a retomada percentual é maior. Estou falando de 78% em dezembro de retomada em Vitória e falo de 60% em Floripa. A retomada em Vitória acontece de uma maneria mais acelerada percentualmente comparando ao mesmo período do ano anterior. Em Macaé, acontece um outro fenômeno. A movimentação de passageiros está aumentando, ela é 47% maior do que no mesmo período de 2019, por conta da indústria de óleo e gás.

Beatriz Seixas -A retomada gradual da movimentação que já está sendo observada tende a seguir nos próximos meses? 
Ricardo Gesse -Sim. A gente tem diversas projeções. É muito difícil a gente cravar quando essa recuperação vai efetivamente acontecer. Primeiro porque isso numa primeira instância depende dos voos das companhias aéreas e numa segunda instância depende da vontade do passageiro, da atividade econômica, da propensão das pessoas a viajar. Hoje tem três variáveis basicamente que ditam a retomada.

Beatriz Seixas - Pode falar melhor sobre elas?
  Ricardo Gesse -A primeira variável é o medo. Algumas pessoas ainda estão com medo e deixam de viajar por conta de eventuais temores de sair de casa. A outra são as mudanças comportamentais que as pessoas vão ter. Antes, eu tinha que viajar e fazer 10 reuniões para fechar um negócio. E dessas 10 reuniões, 10 aconteciam presencialmente. Talvez haja a redução da quantidade de reuniões presenciais e passe a ter mais reuniões por meios eletrônicos. Embora, na minha percepção, (esse comportamento) não vai ser tão afetado. Minha percepção é que os costumes vão voltar. E a outra varável, que pra gente é a mais importante nessa história, é uma correlação econômica. É o PIB. As pessoas se, no futuro, viajarem menos, vão viajar menos porque elas, os governos e as empresas vão estar mais pobres. Vão ter empobrecido nesse tempo, vão ter menos renda para viajar. Então, a recuperação da aviação vai passar necessariamente por essas três variáveis. Por isso, que todas as nossas projeções para 2021 são conservadoras justamente porque a gente precisa se programar financeiramente e a gente entende que essas variáveis são importantes.

Beatriz Seixas -Preocupa a possibilidade de uma segunda onda da doença? De que ela interrompa a recuperação gradual que vem acontecendo?
  Ricardo Gesse -A gente está atento a essas sinalizações. Por enquanto, a oferta das companhias aéreas, que é o nosso principal termômetro, vem se recuperando de maneira consistente. Claro que a gente mantém todas essas variáveis no radar e a gente tem que ser precavido financeiramente para todas elas. Mas eu não diria ser um tema que nos preocupa. A gente monitora, se prepara financeiramente, mas todos os sinais que o mercado mostra são sinais consistentes de retomada.

Beatriz Seixas -Logo que a AseB assumiu, a empresa falou que iria fazer uma espécie de plano diretor para identificar que tipos de empreendimentos poderiam ser interessantes para as áreas, especialmente as externas, do Aeroporto de Vitória. Esse plano já foi concluído? O que foi identificado? 
Ricardo Gesse Como eu falei com você, aeroportos precisam ser mais do que aeroportos. A área de desenvolvimento imobiliário do Aeroporto de Vitória eu diria que é a melhor do Brasil, que não tem comparação com outras áreas de desenvolvimento no Brasil. Porque ela está no centro da cidade, numa região super bem localizada. O trabalho é esse mesmo, de fazer um planejamento estratégico e entender as vocações (das áreas). A gente contratou uma consultoria, que detalhou várias possibilidades de negócios a serem desenvolvidas, e o que a gente está fazendo agora é finalizar esse masterplan (plano voltado para a ocupação do solo), justamente para abordar o mercado de uma maneira estruturada. Aliás, a gente já é abordado frequentemente por interessados em desenvolver diversas atividades aeroportuárias. Mas a gente não vai desenvolver nada até ter este masterplan finalizado.

Beatriz Seixas - E quando vocês esperam finalizá-lo?
  Ricardo Gesse Em no máximo dois meses, justamente para falar com o Estado, com a Prefeitura, porque tem uma série de questões de construibilidade... Isso exige uma parceria com os entes públicos. O potencial de desenvolvimento para a cidade de Vitória e para o Espírito Santo é fantástico. A gente pode falar em bilhões de reais de investimentos nessa área, que é muito grande e está em uma região central da cidade. O que a gente está fazendo é finalizar o nosso masterplan, entendendo as vocações. A gente já tem um bom entendimento, mas finalizando o entendimento das vocações para fazer uma aproximação mais estruturada para o mercado e para conseguir conversar com Estado e Prefeitura para juntos viabilizarmos essas construções.

Beatriz Seixas -Em outras ocasiões já foram citados negócios que podem vir a se instalar no local, como condomínios residenciais, centro de convenções, grandes lojas e supermercados. Dá para adiantar se esses negócios continuam sendo potenciais ou houve mudança na identificação já feita pela consultoria?
  Ricardo Gesse Não teve mudança não. Shoppings, hospitais, lojas de departamentos, centro de convenções, hotel, esses são empreendimentos que têm aderência com a vocação já identificada da área e com certeza são objetos de estudo. A gente tem uma agenda de desenvolvimento econômico que passa pelo desenvolvimento imobiliário nas áreas do aeroporto. É algo que traz investimentos, empregos e movimentação da economia e que, por um "acaso", está em uma área nobre da cidade, está na melhor área da cidade de Vitória e vai contar com fomento da Zurich Airport para ser desenvolvida. E é claro que precisa conversar. Esse desenvolvimento precisa conversar com o desenvolvimento da cidade. Por isso, tem que ter esse canal de comunicação aberto com Estado e Prefeitura para que isso seja viabilizado. Porque, no final, acaba sendo uma parceria. Todo o desenvolvimento imobiliário que você faz é uma parceria entre quem tem a terra para desenvolver e quem tem os recursos para serem investidos, e o impacto que isso vai causar na sociedade é administrado pelo governo. Então, é isso que esse planejamento estratégico vai trazer base pra gente começar a desenvolver.\
 
Beatriz Seixas --Quem já procurou a empresa nesse período? Investidores locais, nacionais? 
Ricardo Gesse Não posso falar quem é o investidor. Mas tanto empresas locais e multinacionais de fora do Estado já demonstraram interesse. Já vieram conversar.

Beatriz Seixas - Essa crise causada pela pandemia pode afastar esses investidores? 
Ricardo Gesse - Eu acho que não. Porque o "real estate" é um desenvolvimento de 50 a 60 anos. No final, essa crise acaba gerando uma liquidez no mundo que precisa ser direcionado a projetos. Então, a gente tem um excelente produto para oferecer a potenciais investidores. Acho que ao contrário, acredito que isso vai acelerar alguns projetos justamente por essa liquidez.

Beatriz Seixas - O senhor citou que em dois meses deve ter o plano finalizado, ou seja, no início de 2021 a companhia terá ele em mãos. A partir daí em quanto tempo esperam conseguir fechar os primeiros negócios ou estruturar os primeiros projetos? 
Ricardo Gesse O desenvolvimento de "real estate" por si é um projeto de longo prazo. A partir do momento que tem uma área e a gente fala "bom, a vocação dessa área está aqui, pode ser um centro de convenções, um shopping, um hospital, áreas integradas, uma área de lazer, uma arena para shows”... A partir do momento que a gente entendeu as vocações e alguém demonstra interesse, a gente vai negociar, fechar o contrato, e a partir daí tem todo o processo de licenciamento da obra. Tem toda uma questão ambiental que tem que ser respeitada. Então, isso é um desenvolvimento que dificilmente algo acontece antes de três anos a partir do momento que você fecha o contrato, sendo otimista. Eu diria que em 5 anos a gente tem perspectiva de mais negócios fechados, mais desenvolvimento e mais coisas acontecendo. O projeto estruturante, leva tempo, mas já começou e é uma das nossas prioridades na Zurich e no Aeroporto de Vitória.
 
Beatriz Seixas - Por causa da crise, teve algum tipo de vacância maior nas lojas do Aeroporto de Vitória? Qual a ocupação hoje e se tem novas lojas previstas para fazer parte da área?
  Ricardo Gesse - Temos novas lojas que vão ser inauguradas. Temos uma sala VIP, com operadora internacional, que é o Global Lounge, que por acaso é o mesmo de Florianópolis. Tem previsão para janeiro de 2021. Temos a Casa 107, que é um PUB/cervejaria local aqui do Espírito Santo, que inaugura agora em dezembro de 2020. Temos loja de doces, Dedo de Moça e uma loja de varejo, com a Origens. Essas três lojas são inauguradas até o final deste ano e a sala VIP em janeiro de 2021. A gente tem em metros quadrados, hoje, 20% a mais com essas inaugurações. Mas ainda contamos com espaço para novos negócios.

Beatriz Seixas - Existia uma expectativa da Gol começar a realizar voos internacionais, para Buenos Aires, em 2020. Mas a pandemia também frustrou esses planos. Acredita que o atual cenário deve fazer com que voos internacionais demorem mais para acontecer pelo terminal de Vitória?
  Ricardo Gesse- O voo internacional é sempre uma vontade de todas as cidades e acho super justo que isso aconteça porque abre possibilidades tanto de turistas estrangeiros virem para cá, quanto o turista local também viajar. O que acontece é que as principais rotas afetadas nesta pandemia foram as internacionais. Se observar a nossa retomada doméstica, que em dezembro esperamos chegar em 78%, ela nem de longe é comparável com a retomada internacional, que é muito mais baixa, isso de uma maneria geral. Então, o que acontece é que as companhias aéreas acabam retomando os seus mercados mais tradicionais primeiro. Então, se você está falando de um voo para Buenos Aires, Buenos Aires é um mercado que acabou de abrir, na verdade, para receber voos estrangeiros e ainda está com uma série de restrições. Então, é natural que os mercados que já estavam estabelecidos como Guarulhos, São Paulo de uma maneira geral, Rio de Janeiro e até Florianópolis, que sempre teve alta temporada muito forte com voos argentinos, sejam retomados primeiro do que os novos destinos que as companhias aéreas estavam planejando implantar. Se eu tivesse que fazer analogia diria que a gente estava na fila, estava para chegar a nossa vez, mas agora essa fila se desorganizou e voltamos para o final dela. Para ser muito realista não vejo perspectiva de 2021 a gente ter. A gente pode ter um voo internacional em 2021? Pode, mas eu não vejo essa perspectiva no primeiro semestre de 2021 como muito factível. Agora, a companhia aérea está olhando, está olhando a demanda, tem os números de movimentação.
 
Beatriz Seixas -Existe algum tipo de mobilização conjunta que é feita pela empresa com Estado e prefeituras, por exemplo, para tentar estimular a movimentação por meio de ações ligadas ao turismo, buscando promover o turismo no ES e consequentemente a movimentação de passageiros?   
Ricardo Gesse -Esse é um excelente ponto. Eu vou usar uma frase que o Tobias Markert, que é o CEO da Zurich Airport Latin America fala. "Pessoas não vão para o aeroporto. Pessoas vão para um destino". Para isso, o destino precisa ter a visibilidade adequada para futuros e possíveis compradores. Então, o que você colocou é super relevante porque o Espírito Santo é um estado com muito potencial turístico. A gente tem uma oportunidade de explorar essa vocação turística do Estado e mostrar seja para o resto do Brasil ou para o resto do mundo. Acho que essa é uma excelente oportunidade que a gente tem de divulgar o ES, de divulgar Vitória, enfim, de divulgar os atrativos turísticos daqui seja internamente, no mercado brasileiro, ou seja externamente. Nós falamos com governo do Estado, temos uma equipe específica para isso porque a gente assume esse papel, até muitas vezes de interlocução com companhias aéreas, de interlocução como trade turístico, então, a gente entende que está nos nossos objetivos como aeroporto formatar o desenvolvimento turístico com todos os stakeholders (partes interessadas, em português) que a gente tem, públicos e privados.

Beatriz Seixas -Com a pandemia e a queda drástica da movimentação nos aeroportos, está tendo alguma conversa junto ao governo federal sobre mudança nas regras da concessão? Alguma mudança de tarifa, prorrogação de investimentos, mais prazo para concessão? E a Zurich tem interesse de participar de novas rodadas de concessões? 
Ricardo Gesse A Zurich Airport participou de todas as rodadas de concessão que o governo brasileiro fez. Vai ter a 6ª rodada em fevereiro ou março e a companhia está analisando, mas não existe uma definição ainda de participação ou não. Em relação ao reequilíbrio, não existe nenhuma mudança nos termos atuais de contrato, o que existe é um termo dos contratos assinados de todos os concessionários, não só a Zurich, um dispositivo contratual de reequilíbrio por eventos de força maior. Isso está sendo discutido entre todas as concessionárias e o governo federal. Não é um processo ainda para Vitória porque Vitória e Macaé estão na 5ª rodada de concessão. Até a 4ª rodada esses pleitos estão sendo discutidos e a partir da 5ª rodada, da qual fazem parte a Zurich, a Aena - que cuida do Norte e Nordeste -, a Socicam - que cuida do Centro-Oeste, esses pleitos ainda estão sendo formulados. Então, a gente apresenta para agência uma estimativa das perdas, mas estamos ainda em discussão.
 
Beatriz Seixas - Quais são os desafios e as perspectivas que a empresa vê pela frente? 
Ricardo Gesse O desafio vai muito em linha com o que falei no começo (da entrevista), que é a diversificação de receitas. A gente precisa obviamente de sustentabilidade econômica. Acho que a gente está trilhando este caminho. Mas eu diria que manter os custos sobre controle, como a gente vem fazendo, e diversificar receitas é o que vai nos levar à sustentabilidade econômica. 

Beatriz Seixas -Teria algum ponto a complementar?
 Ricardo Gesse - Acrescentaria o tema sustentabilidade. Nós somos uma empresa suíça com altos padrões de qualidade, altos padrões de sustentabilidade. Então, nosso foco é manter nossos padrões e a excelência das operações. A gente está falando dos dois melhores aeroportos do Brasil de 1 a 5 milhões de passageiros que são o de Florianópolis e o de Vitória. No geral, de todos os aeroportos, a gente está falando do aeroporto melhor ranqueado do Brasil, da maior nota do passageiro que é Florianópolis. Toda questão é a gente melhorar continuamente a operação, melhorar a experiência dos passageiros porque a gente tem um DNA de qualidade que precisa preservar em todas as nossas operações brasileiras e, obviamente, a gente tem que fazer tudo isso sendo sustentável do ponto de vista do meio ambiente. Para te dar um exemplo de Floripa, mas com certeza a gente vai caminhar em todas as nossas concessões, 60% de todo o lixo gerado em Florianópolis é reciclado ou compostado, ele não vai para aterro sanitário. A gente vai começar a reduzir as nossas fontes de emissão de CO2 em todos os nossos aeroportos. A gente tem projetos de sustentabilidade que são importantes como grupo. Entre os nossos desafios estão manter e avançar na sustentabilidade financeira, na sustentabilidade ambiental e na excelência das operações.
 
 

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