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Os Três mais Famosos

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14/12/2015

Uma coisa que me recordo quando aprendi a ler e contar foi uma gravura mostrando os Três Mosqueteiros. Contei, recontei, e achei que estava errado, pois via sempre quatro. E por que não “Os Quatro Mosqueteiros”?

Bom, hoje, quem conhece a história, sabe que os Três Mosqueteiros eram amigos de um jovem e estouvado gascão que ambicionava subir logo na vida. E, sem risco de estragar o final, ele consegue.

A questão que colocamos aqui é “o que fizeram com a história”. Com isso, falaremos sobre aquele pessoal de bastidor, quase nunca lembrado, chamado roteirista.

Ao roteirista, cabe o direito e, em muitos casos, o dever de mexer com algumas características da história. Alguns mudaram a época, como a atual série Sherlock Holmes de Steven Moffat, o gênero do personagem, como “M”, das histórias de James Bond, um personagem masculino interpretado magistralmente por Judi Dench, ou pelo, como hoje vemos Nick Fury, um caucasiano hoje interpretado por Samuel L. Jackson, e vamos torcer que continue assim!

Um bom roteirista pode até inventar um personagem ou retirá-lo. Podemos ver isso em Harry Potter. Isso é porque se existe uma tarefa delicada é a de colocar um livro num filme. Fazer um caber dentro do outro exige uma arte que inclui cortes, resumos e adequações apropriadas. Podemos ver em “O Senhor dos Anéis” a omissão de Tom Bombadil, causando muitas críticas aos apreciadores da arte de J. R. R. Tolkien.

O que um roteirista não pode fazer é deturpar a obra original mudando seu sentido. E é aqui que eu retorno aos “Três Mosqueteiros”.

O delicioso e engraçado livro de Alexandre Dumas, pére, relata a amizade simples de um cadete a três mosqueteiros famosos. O romance é histórico e todos os personagens ali colocados existiram, de fato. Não quer dizer que eles se interagiram e que fizeram o que está no relato do livro, mas pode-se ler, num exemplar bem elaborado, uma breve biografia de cada um deles. E o romance não parou aí: teve ainda as sequências “Vinte Anos Depois” e “O Visconde de Bragelonne” que narra o famoso conto do Homem da Máscara de Ferro, imortalizado pelo público.

O livro se tornou clássico sem falar de temas introspectivos, mas por retratar as coisas próximas e que todos buscam – e, assim, são raras – como amizade, alegria e busca por ambições simples. D’Artagnan, o cadete, quer ser mosqueteiro, tendo de vencer seu gênio terrível e sua paixão por Constance, uma mulher casada. Athos, o mais velho, um amargurado que esconde seu drama atrás da bebida. Aramis, sempre desejoso de ser padre, se sente traído por qualquer rabo-de-saia que surgia. Porthos, ambicioso, estava atrás de uma viúva rica para enriquecer fácil. Personagens com fraquezas. Mais humano que isso, impossível!

E o que os impulsionava? Não vamos pensar em algo grandioso como patriotismo ou qualquer outra ideologia. Quem tinha isso era o Cardeal de Richelieu. Esse, sim, um patriota, nacionalista, político hábil e um administrador do reino da França. No livro, ele não era tratado exatamente um vilão, mas um estorvo: proibia a prática de duelos, em que filhos da França se feriam ou mesmo faleciam, mas que dava prazer aos mosqueteiros amigos de uma arruaça. Ele, também, desejava, com o cuidado que a situação exigia, provar para o Rei o romance secreto entre a Rainha e o ministro inglês que comandava as forças na guerra entre exatamente os dois países. Não conseguiu provar, pois os Três Mosqueteiros agiram, em favor da rainha adúltera e do inimigo da coroa, somente para o gascão cair em boas graças com Constance. Nada disso daria a esse romance uma recomendação à leitura por jovens.

O que os roteiristas estragam? Exatamente por colocar o Cardeal como vilão. Algumas versões foram precisas em coloca-lo como diabolicamente inteligente, maquinador e incisivo. Mas pô-lo como um fraco covarde ou carregado de intensões de benefícios pessoais é uma ofensa à trama. Richelieu era tão inteligente que soube reconhecer sua derrota e até nomeou D’Artagnan como oficial dos Mosqueteiros.

Há uma vilã: Milady de Winter. Sua vilania não era a de ser a espiã assassina do Cardeal. Ela fez pior, mas não narremos! Leiam o livro ou assistam a uma das boas versões filmadas.

Portanto, veremos assim outras das diferenças entre o que roteiristas ousaram fazer e o que Alexandre Dumas escreveu:

1) “Um por todos, todos por um!” – eles nunca levantaram as espadas e deram o grito. Foi apenas um conselho de Athos ao jovem D’Artagnan.
2) Rochefort, o inimigo. Nunca! Ele era o braço direito de Richelieu, entrou em combate com D’Artagnan, mas acabaram se tornando amigos.
3) A sobrinha do estalajadeiro. Constance era na verdade a mulher dele, e D’Artagnan era seu amante.

Outros aspectos que os filmes não citam, talvez mesmo por questão de espaço, são os engraçadíssimos dilemas de Aramis entre escolher a Igreja e as mulheres, inclusive com uma inacreditável tese de como os religiosos devem dar as bênçãos, e o namoro entre Porthos e a mulher de um rico avarento, que estava prestes a morrer. Nada pudicos nossos heróis! Para a cultura anglo-americana, a que mais mostrou os Mosqueteiros na tela, há de se até entender por que tamanha censura. E, talvez, até mesmo saber o porquê de se colocar o Cardeal no ridículo: afinal, ele perseguiu protestantes e assim fez a Inglaterra entrar em guerra.

Os filmes dos Três Mosqueteiros têm sido conduzidos para alegrar o público jovem. Aventuras tresloucadas de quatro guerreiros audaciosos, mas com menos inteligência do que caberia numa calculadora de bolso vendida por camelô. Vamos e venhamos, as lutas de espadas, que tanto faziam vibrar a minha geração, deixou de empolgar após a onda dos filmes chineses e as lutas com sabres de luz idealizadas por George Lucas.

Porém, há dois filmes que podemos recomendar pelo acerto dos roteiristas, mesmo com suas, digamos, “licenças poéticas” e pela força interpretativa dos atores sob direções bem conduzidas. São filmes velhos.

Um, seria a versão de 1948, dirigido por George Sidney, com Lana Turner, Gene Kelly, Van Heflin, AngelaLansbury, Vincent Price, KeenanWynn e Reginald Owen. Lana Turner fez uma Milady perfeita, compensando o texto frouxo.
A outra seria a de 1973, dirigido por Richard Lester com outro elenco estelar: Oliver Reed, Raquel Welch, Richard Chamberlain, Michael York, Christopher Lee, Geraldine Chaplin, Jean-Pierre Cassel, Roy Kinnear, Faye Dunaway, Charlton Heston e JossAckland. Richelieu foi magistralmente apresentado, na pele de Charlton Heston

Leiam o livro! Recomendado para maiores!

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