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Agenda Positiva: Modelo ou Artifício?

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14/01/2016

“Nunca, antes neste País...” foi necessário recorrer explicitamente a uma “agenda positiva” para recuperar o respeito à imagem perdida de bom pagador, povo pacífico e alegre. Num período muito curto, o País teve seu grau de credibilidade reduzido,  o medo e a violência vulgarizados e a alegria gradualmente inibida por uma inflação e taxas de juros galopantes. Dá para pensar que os 7x1 contra a Alemanha espelhou o estágio civilizatório do nosso processo histórico, que foi parar finalmente no Tribunal de Contas da União.
 
 A expressão “agenda positiva”, tão vilipendiada ideologicamente,  passou a pautar  as medidas fortes e as omissões sistemáticas do Governo na área da economia, e se espalha cinicamente pelos discursos de políticos de todos os matizes. A presidente da República, o ministro da Fazenda, e até a imprensa, todos começam a fazer uso da expressão, buscando aplainar “ressentimentos”, restaurar a moralidade - sem manchar as honras -, manter a estabilidade de mandatos parlamentares e da governabilidade.   
 
  Para o jornalismo a “agenda positiva” sempre foi vista como algo retrógrado, reacionário e até ridículo, por tentar desafiar o paradoxismo  da expressão  paradigmática da profissão, de  que notícia boa é propaganda. O jornalismo brasileiro  tem se pautado pelo badnews, goodnews, sem o respeito devido pela auto-estima do cidadão e responsabilidade pela coesão social. São compromissos éticos assumidos pela profissão na esteira de um processo de “educação informal” da população, do qual o jornalismo, ocupado  com “o fato como matéria-prima da imprensa”, não se apercebe.
 
Nem por isso a “agenda positiva”  precisa carregar-se de conteúdos  alienantes, nem qualquer pretensão ideológica ou estigmas produzidos pelo ambíguo conluio com seus detratores. Ao cenarizar o ambiente conjuntural, tem-se consciência de que os conflitos não são finitos. As ideologias continuarão a gerar embates e agravar as crises. O Estado de Direito não impede a corrupção. A expansão da economia não acaba com a pobreza, com o desemprego, nem com a fome. O número de estudantes nas universidades aumenta, mas está longe de alcançar o dos que ficaram fora. É nítido e tangível o esgotamento dos recursos ambientais  e dos lastros  da vida material. Tudo isso  induz à crença de que notícia boa é notícia ruim , evidenciando  um engano ou, no mínimo, um desvio na premissa que conduz o silogismo. Como resultado, o jornalismo convencional contribui para eleger ineptos, inspirar o caos e alimentar a instabilidade social.

           Formulou-se daí a hipótese de que é possível  viver e ser feliz enquanto estamos por aqui, independente de classe social,  etnia, nacionalidade, religião, status intelectual ou social. Nesse espaço de experiência coletiva  caberia ao jornalista, falando, estritamente, do seu Lugar de Fala, dar com honestidade a sua contribuição cotidiana para o fortalecimento da solidariedade  pública, sem a necessidade de fragilizar  os princípios que  dão configuração à notícia  ou  à postura profissional. É isso que se pretende quando se fala em Agenda Positiva que, para não desabar diante das críticas inconsequentes e ideológicas, passou a ser chamado , por nós (2004), de welfarejournalism na cobertura jornalística alternativa, inclusive, do Congresso Nacional, para a Rede Vida de Televisão, durante quase cinco anos, com estudantes de comunicação. Produzimos perto de 500 matérias na expectativa de contribuir para introduzir a perspectiva de um welfarejournalism. O fato jornalístico, em si,  não estaria apenas na notícia ruim, mas sobretudo nas contradições, nas  estratégias de preservação do interesse público  e no compromisso profissional em favor de uma sociedade mais justa,  equânime e  feliz, sem a demanda real de qualquer religiosidade. É uma questão de rotina e de método, que deixa transparecer a responsabilidade social e pedagógica de um jornalista em plena atividade profissional. Cabe ao jornalista, com seu elevado distanciamento crítico distinguir os sentidos que se quer dar para a concepção de uma “agenda positiva” . É um instrumento, sim, de coesão social, não de propaganda ou de avalização,  de alguma forma, de omissão e de irresponsabilidades no trato com a coisa pública.  

*Jornalista, doutor em História, consultor Catalytica  Empreendimentos e Tecnologias Sociais

 

Eliezer Batista Ligou A Vale Ao Resto Do Mundo

Galgando vários postos ao longo de sua carreira, até ser nomeado presidente da mineradora coube a ele transformar..


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